sábado, 31 de outubro de 2009

Duplipensar.

Não é verdade.Nunca foi
Isso não voa
Aquilo já está morto, muito antes de nascer.
Tudo o que voce aprendeu é apenas uma visão
Uma a mais

Os didatismos que te ensinam a ser cruel
porque a bondade por si só
é um caldo ralo demais
Guerra é Paz

Passado e futuro não existem
O presente é o importante
Tudo é diluivel
Um ataque surpresa é sempre previsivel
Tudo é mentira
Uma a mais

domingo, 25 de outubro de 2009

Servil.

-Oh, é claro que seria bom.
-Então deixe de conversa! Sente e beba.Sem pressa dessa vez.

Dez minutos depois, e lá estava o Pierrot descendo a rua.

Desde que tinha sido traído por sua Colombina, Pierrot vivia muito mal; comia migalhas e dormia poucas horas. Chorava e, as vezes, acordava abraçado com uma garrafa de vinho azedo. Aos poucos, tomou forças e assim voltou a trabalhar: dois patrões.
Um era um bancário amargurado.Botava licor pros dois e contava suas conquistas incompletas, admirava as cores do Pierrot.Ambos comentavam suas infelicidades e como se manter a balança sentimental favorável.Riam juntos, até que o homem tivarava da pasta apólices e sua caneta de ponta fina.Pierrot ia embora .
O outro era um pintor.Limpava a mão suja de azul e outros tons num paninho velho e recebia o Pierrot com um abraço. Não paravam muito pra conversar.Pierrot era advertido quando ficava olhando o pintor misturar as cores.As vezes paciente, ele largava as tintas e explicava para Pierrot sobre as técnicas academicas de pintura.Quando ia buscar uma garrafa de vinho na adega do pintor, Pierrot já sabia que ele estava sentindo falta de seu amor, Jennie. Esperava ele ficar bêbado.Pierrot ia embora.
Pierrot andava pelas calçadas, parava pra beber.Acordava bêbado.Era a falta da Colombina, era o pai tuberculoso e sobretudo, a incapacidade de servir bem seus patrões que sempre reclamavam dele.Circulo vicioso
Seria muito feio seu corpo espatifado no chão, ou boiando no rio.
Um dia ouviu os sussuros de Colombina num beco.Arlequim com a mão por dentro da roupa da moça, ambos se confrontando. Acumulando raiva e rancor.
Antes de chorar, Pierrot tomou uma decisão.Misturou veneno no seu vinho azedo.
Dormiu, pra sempre.

No dia seguinte ainda não era carnaval.
-Andou bebendo de novo? Vamos, você já está atrasado e temos muito pra fazer (ou por viver)

quinta-feira, 15 de outubro de 2009

Um bom vinho.

Apronta tuas asas

Cabe a mim sempre a tarefa inglória:
admitir as sobras de pele morta
Engolir seco e cuspir respostas.
Digno de aplauso,
e se estou bêbado ou não, não importa
tanto faz se a plateia vibra
não consigo me felicitar tendo perdido a aposta
mas se me permitir a franqueza,
sei que de mim você gosta

Sentados e se entreolhando desde o principio
sintomas de um velho vicio
Não se lamente, ainda acharemos graça disso
se olharmos nos ossos, veremos os nomes que estão escritos
Quem vai parar agora e quem vai beber um pouco mais?
Não me olhe, eu não sei
Não controlo
Não mais

Apronta tuas asas, e lembra que eu vou nas tuas costas
Este cálice que não afasto, nem deixo em outra mesa
mas se me permitir a franqueza,
sei que de mim você gosta

"Asas prontas"

segunda-feira, 12 de outubro de 2009

Luzes da cidade.

Hoje eu posso ser a mão
que te leva pra casa
Hoje eu posso ser a ausencia da falta
Seu corpo parece cansado
esperando uma zona de conforto
E já estamos indo pra casa

Agora voce tem que ficar bem
E me sorrindo assim
qualquer tipo de duvida vira verdade
alarma a sirene do teu peito
esquenta, aquece
doi
e voce nunca esquece
E a gente vai indo pra casa
iluminados pelas luzes das cidade

Os raios de fora
confrontando nosso escuro
nossos olhos, nosso agora
Atentos na movimentação
em ruas quase desertas
no cheiro e na respiração
nas curvas e nas retas

As estrelas de varios volts que nos cercam

sexta-feira, 2 de outubro de 2009

Videotape.

Respostas
elas foram descendo a nuca e já estão nas unhas.
A mão pressionando as costelas
Deformando a pele
marcando minutos
Verdades em situações
cenas gravadas
arquivos e caixas

Talvez, acender um câncer pelo filtro
não tragar pelo medo
tosse, dor
Dormir tarde
Acordar cedo
O dia ainda sem cor
sol nascendo, ou morrendo
pés na grama, na areia
ótima cena

Riso engolido
caminho travado
peito dolorido
E os carros seguindo
alguns pra longe, fora da visão
Olhos, bocas e mãos
Fotos em sequência, sobrepostas
movimento de resposta.