domingo, 26 de setembro de 2010

Trapézio.

Ele adentrou o picadeiro
Anunciou que o maior espetáculo iria começar
Ela se aprumou no travesseiro
Riu sem respeitar as normas pro lugar
Ele, afoito, foi domar o leão
Enquanto ela ofereceu mais uma taça
Já deitada ela fez com a cabeça que não
com o nariz pintado, ele seguiu e achou graça
Tirou dois coelhos da cartola, e a plateia alvoroçada
os corpos deslizaram com a luz apagada

E se perceber, ele está mais feliz
Mesmo sem dizer nada
E dessa altura, ela reconhece que quis
com os pés leves e a cabeça inclinada
Mantendo o equilíbrio pra não cair
Os olhos dizem enquanto as mãos estão grudadas
No alto do trapézio, sem redes pra aparar
Unidos pelos quadris e os olhos a se encontrar
Atenção: prenda a respiração.

terça-feira, 21 de setembro de 2010

A Cor Vermelha.

Fica combinado que sou um piloto de caça, e voce não vai dar uma risada.
Eu vou olhar nos seus olhos firmes e te provocar, e talvez voce não perceba que isso faz toda diferença. Talvez porque esse meu vago ar de desdem chegue antes da minha fala aberta, e meu tenis sujo preceda meus passos. Talvez porque o riso se fantasie de deboche, e minha fantasia de filmar me denuncie laconico.Eu filmo  enquanto voce vai falando, faço vezes de ouvinte desatencioso.
Então voce me devora, me mastiga, me esmaga.Eu acho graça. Se te acato,  também cato a minha parte: a delicia do embate, do desafio, de uma plenitude amistosa que nunca senti. Sou imperador, rockstar, genio e guerrilheiro.E nessa hora, rimos juntos.
Eu quero beber e provocar confusão, porque seu olhar me acolhe.
Seu seu deboche me deixa feliz.
Estou feliz