terça-feira, 30 de novembro de 2010

Estatuas

Uma certeza vaga
Pensada como escolha
Cansado de obedecer inferiores
Gravar e por nomes em senhoras e senhores

Antes mesmo de engolir, já te pedem pra arrotar
É necessario dormir mas é velado sonhar
E ainda tem que acordar
E ainda há de insistir
Que devia ser bom, não te merecem aqui
Se pode fazer melhor, o mundo não percebeu
será com sorte e suor
Siga e conquiste o que é teu...

Dançar em escolhas em regras
Com o medo de fracassar
Leões em guerra
Filas de espera
E a cura para todo mal estará
Se trabalha e confiar

quinta-feira, 18 de novembro de 2010

Do amor.

Preciso dizer que te quero
Preciso fazer saber
Preciso de um verbo melhor pra definir
uma palavra que não se cale,
uma verdade que não se confunda,
uma expressão que não se compare
um sentimento em letras que deslize
da minha boca pro teu corpo
uma palavra que se possa guardar e
ao mesmo tempo se oferecer.
Que junte o meu carinho com minha lascivia crua
Preciso dizer que
A minha felicidade é estar unido a tua

quarta-feira, 10 de novembro de 2010

-Paixão Nacional

Soneca: Pesquisa recente afirma que seios devem ter a mesma textura do Pudim de Leite: firmes, porém macios.
Eu: sempre achei um peito parecido com um pudim de leite
Soneca: Você é sortudo, então.Já achei uns que tavam mais pra pudim de pão ou gelatina...
eu: Pudim de pão foi foda. As únicas variações que lembro são pudim de leite ou flan.
Soneca: Flan?!
Eu: Tipo um pudim em copinho que vende no mercado...
Leo King: Pudim de pão ao menos é duro. O foda é que tem uns caroços meio estranhos.
Eu: Acho que esse lance de "uns caroços meio estranhos" devia ser tratado com seriedade por....... um medico.
Soneca: Mas, com flan, você já tá partindo pro tamanho. Eu só estava me referindo a textura...

domingo, 24 de outubro de 2010

Sparring.

O suor descia lento pela testa,
pisquei os olhos, deixando a guarda aberta.
Uma marreta em forma de punho avança pela fresta:
Mandíbula a se esfacelar num atordoante golpe de direita
os pés tropeçam, a reação adormece.
O  rinoceronte tomba.
Flashes piscam e vultos aparecem
Colorem-se manchas de Suvinil vermelha
A contagem próxima de zerar
O amigo chora, o rapaz baixa o olhar
Seus fãs perderam a fé
Não há dor maior que ser derrotado diante de sua cidade natal
Sorrir com a boca cheia de terra
Temperada com lágrimas de sal...

domingo, 26 de setembro de 2010

Trapézio.

Ele adentrou o picadeiro
Anunciou que o maior espetáculo iria começar
Ela se aprumou no travesseiro
Riu sem respeitar as normas pro lugar
Ele, afoito, foi domar o leão
Enquanto ela ofereceu mais uma taça
Já deitada ela fez com a cabeça que não
com o nariz pintado, ele seguiu e achou graça
Tirou dois coelhos da cartola, e a plateia alvoroçada
os corpos deslizaram com a luz apagada

E se perceber, ele está mais feliz
Mesmo sem dizer nada
E dessa altura, ela reconhece que quis
com os pés leves e a cabeça inclinada
Mantendo o equilíbrio pra não cair
Os olhos dizem enquanto as mãos estão grudadas
No alto do trapézio, sem redes pra aparar
Unidos pelos quadris e os olhos a se encontrar
Atenção: prenda a respiração.

terça-feira, 21 de setembro de 2010

A Cor Vermelha.

Fica combinado que sou um piloto de caça, e voce não vai dar uma risada.
Eu vou olhar nos seus olhos firmes e te provocar, e talvez voce não perceba que isso faz toda diferença. Talvez porque esse meu vago ar de desdem chegue antes da minha fala aberta, e meu tenis sujo preceda meus passos. Talvez porque o riso se fantasie de deboche, e minha fantasia de filmar me denuncie laconico.Eu filmo  enquanto voce vai falando, faço vezes de ouvinte desatencioso.
Então voce me devora, me mastiga, me esmaga.Eu acho graça. Se te acato,  também cato a minha parte: a delicia do embate, do desafio, de uma plenitude amistosa que nunca senti. Sou imperador, rockstar, genio e guerrilheiro.E nessa hora, rimos juntos.
Eu quero beber e provocar confusão, porque seu olhar me acolhe.
Seu seu deboche me deixa feliz.
Estou feliz

segunda-feira, 30 de agosto de 2010

Pequenas Trapaças.

Pedro paga a passagem do onibus com um punhado de moedas. Faltam dez centavos. O motorista lhe encara, enquanto ele ri.
Rita troca os ovos quebrados da sua caixa por ovos bons de outras caixas no mercado.
Felipe inventa uma dor de barriga pra faltar a aula.
Marina corre e  pede que a mãe diga que ela não está quando Thiago liga.
Rafael se arruma sem vontade de sair. Desiste e acaba dormindo de meias.
Gersin dá dois toques à cobrar e espera que retornem a ligação pro seu celular.
Luana diz que ama o namorado mas ainda fala escondido com o ex. Ela tem medo de ser sozinha.
Gui pede dois sacos de doce pra moça que está distribuindo na pracinha. Ele aponta um guri ao longe e diz que é seu irmão.
Alice come o amendoim que botaram na mesa e esconde o papelzinho.
Ele ri com tom de deboche, enquanto ela o observa com desdém. Os dois estão brincando pra ver qual a próxima jogada.

segunda-feira, 9 de agosto de 2010

Azul.

Eu pensei em te ligar segunda passada e falar tudo o que já te disse, varias vezes.Não era nenhum argumento novo, nada de grave que tenha me acontecido recentemente, nada que você de fato fosse resolver.Fiquei olhando pro relógio deixando os minutos passarem, porque teria que ser numa hora quebrada, pra que você não achasse que sou tão desesperado, como sou.Tirei o telefone do gancho mas desisti.Encarei que seria bobagem, que era só uma vontade fugaz e fui dormir até o dia seguinte.
Vinha conservando um bolor enorme de você desde que nos separamos.Eu te amava, eu te amo, e você me deixou assim sem muitas explicações.Entendo que você possa ter cansado, desgastado e tudo, mas o que fiz de errado? De repente, tudo me lembrava você: Fui naquela papelaria perto da praça comprar uma Bic pra prova de filosofia e tinham varia pessoas escolhendo cartões pro dia dos namorados. Minha irmã comprou uma caixa de Ferro Rocher que me lembrou quando eu comprei uma pra te dar quando a gente brigou; um amigo se mudou e comprou uma escrivaninha igual do a seu quarto; fui ver um filme e voltando de metro, tinha um casal abraçado igual a gente ficava (igual mesmo).Entrei na livraria e estava tocando a musica do Strokes que você disse que me lembrava, e até botou pra ser seu toque de celular quando eu ligasse.Enfim tinha chegado o cd do Stone Temple Pilots, mas eu não tinha ninguém pra comentar minha felicidade.Eu tinha passado duas horas olhando CDs sozinho, sem conseguir entender porque você se foi.
Recentemente eu voltei a fumar, por contra própria.Alguns dos meus amigos de ocasião me chamavam pra tomar uma breja, eu preferia ficar em casa.Comecei a ler livros da grossura de um Harry Potter em três dias.Ficava largado no sofá até o sono completo me dominar, pulando de canal em canal, brincando com a aliança que eu tinha comprado pra te dar.Faltas seguidas em compromissos, mau humor constante.Talvez eu tivesse sido realmente injustiçado.Se eu estava sofrendo por ter feito tudo certo, era sinal que você era alguém cruel.Eu quis ligar pra gritar isso no seu ouvido.
Acho que no momento que devolvi o telefone pro gancho, vi que eu ia fazer uma besteira se tivesse ligado.Seria uma desonra pras nossas tardes de domingo com sorvete no chão do seu quarto, uma desonra aos nossos telefonemas noturnos.Tudo o que nos aconteceu foi mágico, mas acabou.Eu não posso ser injusto com você.Tudo o que fomos deixou lembranças provam o quão maravilhosos pudemos ser um pro outro.Eu só queria desejar que você seja feliz, encontre alguém que te conforte, como eu estou tentando encontrar.

sábado, 31 de julho de 2010

Cândida.

Sonhando sozinha, revela os dentes
O olhar distante se detêm
Abandona displicente
As recém traçadas finas letras no caderno de brochura
Com um timbre inseguro
A voz doce se desculpa
me foca com a pupila dilatada, e a íris escura
Se fazendo desculpada e voltando a escrever
O celular toca e não demora a atender
As palavras saem como brisa
Gargalha feito criança
A mão cobre a boca e a cabeça balança
Se despede sorrindo
Dá dois beijos e sai de repente.
Largo o lápis
Estou sonhando sozinho, revelando os dentes...

sexta-feira, 23 de julho de 2010

Love Song 3.

Ele é o tipo de cara que conversa até com a própria sombra
Conta tudo o que sabe fazer
Parecendo maior do que realmente é
Ela ainda não certeza do que quer ser
Estava se arrumando, quando ele prometeu construir um prédio
O cabelo preso ficaria melhor

"Porque respeitar alguém além de mim mesma ?"
Ela disse no segundo encontro
Enquanto ele repete o tempo todo
que se sentia tão vazio
antes dela chegar
A cama estará arrumada se ele quiser voltar

Ela gosta de se esconder no impossível
Comparar sua vida com a TV
Ninguém pode entender quando ela chora
Ele prometeu construir um prédio
e ela não entende o que ele quis dizer

É uma pena que eu não possa te obrigar a sentir o mesmo

quarta-feira, 14 de julho de 2010

Disciplina.

1 - Educado pela mãe, que queria ser professora, aprendeu a ser sua própria escola. Apenas a liberdade poderia ensinar o que lhe fosse preciso pra crescer feliz, assim como alertar dos perigos naturais à vida. Sempre que preciso, a mãe quebrava tal contrato e exercia com perícia ímpar sua maternidade. O menino aprendeu por si a ter liderança, ou a chorar quando algo doesse. Desprezar os preconceitos, tentar domar a todos com sua verdade. Sobretudo, passou a admirar as artes fazendo-as de sua zona de conforto. Escreveu a história do rei que entrava em colapso ao ver seu reino em chamas, antes de saber desenhar o que se chama de letras. Lia história de fantasmas no ônibus, a caminho da casa do avô, quando a chuva começou a entrar pela janela. As ilustrações ficaram borradas e ele continuou lendo.

2 - Quando entrou na escola (escola de verdade) ficou fascinado. Comprar e guardar material, anotar e fazer tarefas. Tudo parecia uma diversão, tudo parecia muito fácil. Não reclamava nem xingava: não via razão pra isso. Os anos foram passando e ele foi perdendo a motivação. Estrelinhas da professora, mas poucos amigos pra brincar. Deveria saber ser mau? Deveria rir dos infortúnios alheios? Não lhe parecia certo. Passou a se sentir cinzento.

3 - Estava recluso em si mesmo por falta de opção. A tarde dava entrevistas sobre seu novo filme em Cannes, de noite conduzia um mar de gente em estádios lotados pra ver sua banda e de manhã tomava um martini a beira-mar, rascunhando seu novo livro.Tudo isso é claro, no interior de sua mente. Tinha feito alguns amigos: Tyler e Holden tentavam lhe explicar filosofias de vida. No perigo, Bruce Wayne poderia ser acionado.

4 - Passava por mais uma rua quando teve seus olhos abertos.Sutilmente, deslizou a mão pelo rosto e a beijou como se fosse a última vez. Gostava muito do cheiro e do corte de cabelo. Ficava olhando sua beleza e rindo consigo mesmo, por todos os dias que tinha passado sem ela. O rapaz já não lembrava como tinham se conhecido. Cada abraço e cada palavra era uma epifania.Os especialistas da área viram seu jeito nos últimos meses e fizeram um diagnóstico: estava apaixonado. As coisas estavam fugindo do seu controle. Mal sabia, mas este era o último beijo.

5 - Repetiu para si não ter energia pra lutar. Aceitou que querendo ou não, dias continuariam passando. Arrumou uma nova risada, um novo personagem. Começou a escrever um livro de verdade e a dedilhar uma música no violão. Lamentou por não ter acatado em aprender a ser mau. Seguiu aprendendo.
Se as coisas insistem em atravessar você com um olhar indiferente, deixe-as ir.

terça-feira, 6 de julho de 2010

Ano Um
escrever é um desejo, uma necessidade.Obrigado a todos que me impulsionaram: deram força e serviram de inspiração.Obrigado a todos meus mestres invisíveis, dos que só conheço a voz.Registrar criações tem sido importante, falar sobre a verdade que existe porque nela se acredita.
Um brinde ao egoísmo, ao medo, a curiosidade e a busca pelo amor.

domingo, 13 de junho de 2010

S.C.

Desde que me entendo por gente
tem algo aqui me incomodando.
Sabendo qual o foco eu poderia curar.
Por algumas vezes sinto estar perto, mas me perco em mais perguntas.
Um incomodo que transita entre o campo do físico e o campo das ideias.
Estou preso em um sentimento continuo.

Sinto fraqueza ao ver que falhei.
Físico e mental estiveram alinhados e eu ri.
Quando tenho saudade, inflo cada minuto como se tivessem sido anos ou teimo que fora tudo muito curto.
Provavelmente, estou certo em ambas linhas.
Um sorriso poderia ser solução? Foi.
Sinto saudade do despertar preguiçoso, com a mão na barriga e bafo.
O abraço depois de um banho recem tomado.
Um beijo de despedida.
Eu não sentia peso algum.
Agora escapou.Sem solução está
...a não ser que eu tenha enganado a mim mesmo


Desde que me entendo por gente
tem algo aqui me incomodando.

quarta-feira, 12 de maio de 2010

Jackson Pollock.

Júlia inclinou seu corpo pra frente, tocando a bochecha de Pedro com a ponta do nariz.Ele que apreensivo batia mão nos joelhos desde que se sentaram ali, tomou um súbito susto:
-Tá tudo bem?
-Sim, está
Pedro se virou, mas com sucesso, desviava o olhar na menor possibilidade de contato.Coçou o queixo sem vontade, fazendo com que ela risse.
-Você parece preocupado
-Bobagem
-Deixa eu ajudar!Gosto muito de você
-Bobagem
-Eu gostar....?
Pedro puxou Júlia com um abraço.Ele sentiu que ela ria enquanto ele apenas sentia o perfume dos cabelos, xampu de frutas.Ela sentiu o clima menos tenso e quis brincar:
-Você podia me dar um apelido carinhoso
-Sim, posso.Tem algum que você gosta?
-Você quem vai criar, Pedro! Seu bobo.
-Claro, claro.Tem que ser agora?
-Não.Só acho bonito que você me chame de outra coisa, uma coisa só sua.

sexta-feira, 7 de maio de 2010

Presente.

Tanto tempo se passou, e ainda sinto como se fosse os primeiros cinco minutos de abraço.Como posso nomear essa sensação?
Cada movimento teu fica registrado e eu não tenho vontade de tentar esquecer, por que cada segundo foi e é intensamente valido.De como conheci tua disposição, teu medo do impossível e como quis me encaixar numa brecha inexistente.
Quis dar o melhor de mim cada dia pra estar paralelo a você.Crescer e me tornar um gigante igual.Você com sua chatice, você com seu senso de realidade, você com seus planos em construção.a ideia de manter os planos em caminhos gêmeos, crescendo lado a lado.Te proporcionar as maiores felicidades, os melhores bens, os valorosos orgulhos: tudo isso me impulsiona a cada dia preguiçoso antes de cair do beliche.
A vontade de tonar tudo mais pratico e prazeiroso fez de mim uma pessoa melhor.
Você pegou um menino e o transformou em um homem.
Além de toda felicidade, eu tenho de me propor a ser o amigo e irmão, estar também quando a sua fraqueza for evidenciada.Não somos completos, e quando isso nos confronta sentimos o medo na pele.Aqui estou eu pra ser o repouso, a conversa, o desabafo.Minha gratidão, minha resposta imediata também é egoísta: nada me vale mais que teu sorriso em meu ombro.
Entendo que existam pausas no pensamento.Entenda que eu ainda estou aqui te esperando na estação, com os sentimentos embalsamado no teu cheiro de frutas, no teu cabelo desbotado, no teu olhar curioso, no teu gênio forte, na tua oscilação, nos teus dedos que comprimem, na sua manha de soninho, nas suas unhas rosa, na sua emergência em acontecer, na sua pirraça, no seu ciúme, no seu deslumbramento e no teu sorriso.
O que tenho, me desculpe, mas não posso embrulhar ou por numa caixa.
Em todo caso, faça seus três pedidos.

I'm blessed by the lucky 7

sexta-feira, 30 de abril de 2010

Despressurização na Cabine.

Meu bem,
Parti antes que acordasse pra evitar teu alarde.
Sei que é bom com argumentos.Eu gosto, mas não hoje.
Não é pra ter argumentos, eu prefiro
Tenho algumas desculpas próprias, que pra mim fazem sentido
mas se eu pensar bem, são só desculpas.
Estou indo.
Talvez em dois meses eu volte, talvez eu nunca volte.
Não me espere
Se eu não voltar lembre do que foi bom
Em maior ou menor quantidade, ainda seremos felizes juntos em pensamento.
Não se pergunte o que foi errado:
Existe sim a possibilidade de algo ter me incomodado
e isso ter se tornado um bolor, mas não liga
Estou sendo egoísta
vou me arriscar e não sei se vou ganhar ou perder.
Só sei que vou.
Você ficará triste, me procurará e será muito difícil
Esta lembrança irá desbotar e apagar.
Respire meu perfume pela ultima vez
Todo resto de sensações,memoria olfativa e tendência de possibilidade será apenas uma emulação cerebral desesperada de que eu ainda sinta sua falta, assim como sentirá a minha.
Estou indo e sendo egoísta.
Muito obrigado.
E não esqueça que te amo.
-Eu também,

segunda-feira, 19 de abril de 2010

Da Coragem.

O Medo entrou em casa e a Felicidade estava pronta, esperando ele sorridente no sofá.Mas naquele dia, o Medo não queria conversar, nem ouvir ninguém.Na verdade, já tinham alguns dias que ele se comportava assim.Triste, Felicidade estava se esforçando bastante pra manter tudo perfeito.Talvez fosse duro demais engolir que já não tivesse jeito.
Depois de comer apressado, o Medo dormiu, no mesmo canto da cama onde já tinha até o relevo do seu corpo.Sem perder o seu charme, forjou um sorriso e desejou boa noite.Otimista, a Felicidade tentava crer que podiam ser só dias ruins que estivessem deixando o Medo tão desconsertado.Pegou uma foto e ficou olhando.Lembrou de quando encontrou o Medo.Ele tímido nunca queria se prolongar, já ela, queria encher cada espaço vazio que nele havia.O tempo passou e a Felicidade venceu o Medo pelo cansaço.E estavam felizes juntos, até então.Sem perceber, a Felicidade adormeceu ao lado do Medo.
Bem cedo, Medo saiu na ponta do pé, sem fazer barulho algum.Desviou o caminho do trabalho e foi pro centro da cidade.Começou a chover ralo e ele procurou um lugar pra se esconder dos pingos.Olhava impaciente pro relógio e pra rua, estava esperando alguém.Duma hora pra outra, Medo voltou a simular um sorriso pois avistara quem estava esperando: a Insegurança.Ali, debaixo de umas pocas gotas de chuva e no meio de gente desconhecida, Medo se abraçou forte com a Insegurança e lhe deu longos beijos.Esconderam-se num beco onde o Medo prensou toda a insegurança contra a parede.Movidos pelo desejo do momento, a Insegurança afastou as pernas e conduziu as maã do Medo pelo seu corpo.Os dois pararam e se olharam com malícia quando o Medo segurou com firmeza os Motivos da Insegurança.
Em casa, a Felicidade estava irrequieta.Logo que deu por falta do seu par sentiu um leve desespero.Tentando controlar seus instintos possessivos, ligou a TV e tomou dois calmantes diferentes.Pegou potes pra separar o feijão, tirou o pó e alinhou todos os portarretratos da estante.Por fim, suspirou afundada no sofá e pegou o telefone pra ligar pro Medo, pra perguntar se ele estava bem.Pulou algumas folhas da agenda e acabou ligando pra confidente Prudência.A amiga acabou lhe fazendo uma visita e conversaram sobre o comportamento do Medo.Sem querer tomar partido, a Prudência disse que talvez fosse hora de por o amor a prova.
Quando Medo voltou pra casa, continuou a agir mal.A Felicidade quis conversar, mas só ouvia negativas.Quando sua insistência começou a cavar respostas gritadas, ela calou.Sensível a condição chorosa da Felicidade,Medo parou e sentou ao seu lado, lhe fez um carinho na cabeça.Disse estar em um mal momento, mas que estava tentando se corrigir pra que isso não afetasse a vida dos dois.
Dois dias depois, o Medo voltou a sair mais cedo que o normal.Alarmada, a Felicidade logo ligou pra amiga.As duas correram e o seguiram.Ficaram num bar olhando enquanto o Medo esperava debaixo alguem da mesma marquise.Perceberam sua felicidade ao ver aquela vindo de vermelho.A Felicidade pôs-se a chorar a ver seu bem aos beijos com outra.A Prudência tentou acalma-la e as duas foram ao encontro do traidor.Sem saber o que dizer, o Medo apenas olhava pros lados.Em seguida, se desculpou dizendo estar confuso.Uma vez que a Felicidade não conseguia responder por si, a Prudência foi a porta-voz da separação que ele voltasse em casa pra pegar o que era seu.A Felicidade não merecia conviver com o Medo, nem o Medo poderia usar a Insegurança como desculpa.
Sabe-se que o Medo está a um longo tempo com a Insegurança.Por outro lado, a Felicidade ainda vive com ajuda da Prudência.
Em casa sobrou a Saudade

quarta-feira, 7 de abril de 2010

Próxima Pagina: Linhas Superiores.

Aqui estou eu, crescendo e me firmando
Não sou meu melhor
E se tiver mais um tombo, pode ser que eu chore.

Dores não glorificam
Engolir muito menos

Dinheiro, amigos, sexo e um novo design:
Eu vou tocar as nuvens
...criarão um novo perigo imaginário.

quinta-feira, 1 de abril de 2010

Eu no O Globo !

Dessa vez é um pouco diferente do que de costume eu publico aqui, mas não é totalmente fora do assunto.
Duas vezes ao ano, o jornal O Globo abre seis cadeiras para formar um "Conselho Jovem" para trabalhar em discussão de pautas para o seu caderno semanal Megazine.Estou participando da disputa para uma das seis cadeiras, e meu texto está no site do caderno.
Para figurar entre "os escolhidos", quero ajuda de quem vem aqui, pois preciso do maior numero de comentários por pessoa lá no texto.Quem ainda não tem, terá de fazer cadastro para comentar, mas é coisa rápida.Comentários serão aceitos até dia 06/04.
Então, vamos ao que interessa:
Conselho Jovem Megazine
Obrigado se puder comentar, ou se leu só por curiosidade.
Passada a data, esse post se desintegrará...

sábado, 27 de março de 2010

Amor Tarantino.

Vamos dar um tempo.Dois minutos pra nós mesmos, longas horas pra nós dois
É prazeiroso ou cansativo esse Amor Tarantino? A similaridade da montagem final das cenas e do conteúdo metafórico (ou non sense) faz refletir:
Longos diálogos sobre o que gostamos,onde a musica e personagens ficcionais só funcionam como ora escape, ora referencia filosófica pra nós mesmos,para falar com uma leveza embutida sobre o que fica dando rodeios na nossa cabeça.
A violência também é recorrente, em diferentes dosagens e concepções.As vezes, pelo simples fato de chocar.Não reclame a falta de sangue estridente.se por um lado não há impacto visual, pense que sem ver sangue fica muito mais difícil fazer um curativo no local certo.
A narrativa avança sem avisar e fugindo de ser linear.Projeções futuras e lembranças passadas caminham lado a lado.
Quem está dentro, quer ir até o fim pra saber como vai terminar.Mesmo sabendo que qualquer coisa pode acontecer, que o final pode ser previsível, não importa.Prazeiroso ou cansativo, eu penso que seja, magicamente, um bocado dos dois.

Certamente, chegará a hora em que vou olhar teu rosto forçando autoconfiança, enquanto eu vou estar amarrado e dentro do porta-malas...

quinta-feira, 18 de março de 2010

Universo em teus olhos.

Ele levantou, e foi na ponta do pé na cozinha.Tomou agua, olhou ela de longe.Voltou, puxou um pouco o lençol, lembrando de não descobri-la.Afagou sua cabeça e a trouxe o corpo dela pra mais perto.Dormindo ela sorriu.
Passaram dois, três trens... ele ainda insistia.Ela segurou as mãos dele junto ao peito em forma de concha e sorriu."Tudo há de dar certo"
Se não tinha nada de ruim, ele esperou mais quatro.Entrou no quinto.Chegou algum tempo depois, atrasado, mas ela lhe conferiu um dos seus melhores abraços.Estava muito feliz, e isso era visível."Você conseguiu"
Pra celebrar a faculdade, eles foram sair juntos.Um par, de doses.Ela ficou tonta.Ele também, mas...o importante é que ela ficou.E de deitar no gramado, subir escada, ir pra li, ir pra lá....não há quem não canse.Permita-se deitar em transe.
Ela disse que não viria, ele ligou pra confirmar.Ele resplandeceu.O bloco vinha descendo a rua, ele ajudava ela com a bolsa.Ficou alguns dias, (como se algum dia tivesse ido embora)todos muito alegres.
Ninguém combinou que fosse assim, e jamais haverá pecado.O nome que ouvia displicentemente, agora era a palavra que sem querer eu sibilava.
Um dia se perderam, ela tentou acha-lo pelo celular.Tudo fora de área, fogos e champagne estourando a beira mar.Eles se perderam no meio do bloco.
Ele sentou no chão bufando.Ela ficou chateada, desapontada e com raiva.Coisa que mulher sente, e só quem sabe de mulher entende.
Ele saiu cedo porque ela estava sozinha em casa.
Comeram pizza varias vezes juntos.ela se chateou varias vezes.ele quis compensar varias vezes.Ela dormiu feliz varias vezes.Ele nunca voltou pra casa.Em qualquer lugar que pudessem estar, seria sua casa.
No final de semana choveu a beça.Ela não quis sair, o time dele perdeu.Mau sinal.
Ela dormiu, ele acabou dormindo junto.Ela se virou e o abraçou forte, com seus braços macios.Seu rosto de princesa parecia lindo, intocado e com pó de pimenta.Insistiu pra que eles levantassem, estava muito tarde.
Mal sinal, muito tarde.Tudo há de dar certo.
Talvez ela nunca tenha entendido, mas sempre vi um um universo naqueles olhos.Um mar de possibilidades, de coisas concretas e inesgotáveis.Mesmo em desacordo as vezes, sempre havia uma forma de nivelar os sonhos.Ela ser uma mulher feliz e independente, eu ser rei nas minhas nuvens.Os olhos são mundos, e eu me vi refletir nos teus.Não só minha imagem, mas toda minha felicidade, e por isso ficava te olhando falar dos planos, como daquela vez fora do shopping, perto das motos.
Não sou relojoeiro, muito menos Deus.
Ele ficou com vergonha e não soube onde por a flor e a aliança comprados pra serem felicidade no dia seguinte.Ela acabara de o informar, que tudo estava acabado.

quarta-feira, 10 de março de 2010

Agonizando.

Aquele e-mail não chegou
Retardei começar meu dia por algumas horas.Tinha outras coisas, mas o e-mail demorar me dava segurança na minha preguiça.
Não chegou, fui fazer as outras coisas.Sempre tem coisa por fazer.Quando não tem, a gente inventa.Dessa vez, inventar não foi necessário.
Nos últimos dias, estava com muito sono.Ok, eu mesmo que cavo essa sonolência, mas tenho lá meus motivos.Durmo tarde e acordo cedo, invariavelmente.Eu sei o que faço, mas reclamo pros outros: "essa vida é um lixo".Não sou de reclamar demais, mas esse ar condicionado me gela demais, não tou acostumado.Em semanas alternadas, fico com tosse, dor de garganta...essas coisas de quem tem alergia.Acordo cedo pra pegar o metro.Não gosto muito de ónibus, não gosto de jeito nenhum de trem.
Metro as vezes atrasa, vem cheio de gente.Não gosto de gente que tagarela muito de manhã.Não gosto de gente que fala demais de banalidades.
Não gosto de gente que as sete já está explanando pro povo que a vizinha do barraco de baixo deu uma surra na filha que ficou gravida com treze anos.
No metro o pessoal não fala muito.Acho que todo mundo está muito cansado, muito sonolento e muito puto com o atraso.Ou então eu gosto mesmo de metro e quero arrumar uma desculpa.
Durmo tarde porque quando chego em casa fico mole.Até começar a fazer o que gosto, já passou um tempão.Tomo banho e caio morto, isso quando tiro os sapatos.Na hora do jornal estou na internet, na hora da novela estou jantando.Os amigos ficaram escassos.Depois das dez fico vendo tv.Só vou dormir depois do ultimo jornal, sempre acho que ele vai trazer uma noticia do dia seguinte.
Por algum tempo achei estar cercado por idiotas.Agora acho que sou um deles.
O e-mail chegou.Li o nome e não quis abrir.Comecei por impulso.Se fossem letras, seriam miúdas e corridas, inclinadas pra direita.Fui descendo os olhos pelas linhas
nada que me fosse novidade, mas que eu tinha dificuldade em engolir.Era eu sozinho de martelo pra derrubar um muro de Berlin.Aonde a gente se perdeu?
Continua uma merda.Até o próximo dia, até o dia seguinte.

quinta-feira, 25 de fevereiro de 2010

Nova Iguaçu.

para minha rainha,

Teus olhos riscam divisões em mim
e só você pode
é o que me desatina de gratidão
Teus olhos repreendem
Teus olhos buscam o implícito
O invisível
O horizonte

Teu sorriso caçoa dos meus ombros caídos
zomba da minha mandíbula feia.
Teu sorriso me ilumina todos os dias
mesmo ausente
triste, feliz, indecisa
teu sorriso sempre presente
pobre de quem não vê
triste de quem não sente
minhas palavras te complicam
você me ilumina com seu coral de dentes

Eu, no meu peito impreciso
Só sei meu coração apaixonado
Meus pés cansam sim
descem tímidos pelas ruas,
mas meu corpo todo fica simples e feliz.
Sou dono destas terras
forasteiro em mim mesmo
Propriedade privada do teu Estado independente.

quinta-feira, 18 de fevereiro de 2010

7.

Confiar em dividir você mesmo com outra pessoa não é fácil.Se você tiver exemplos de que isso pode ser doloroso, é mais difícil ainda.O que fica então ? Orgulho e felicidade se misturam, sendo um parte do outro.Assim como quando fico minutos só olhando, pra registrar cinematograficamente seu respirar, seu olhar balançando sua boca se comprimir; as vezes eu não tenho nada pra dizer.Não por medo de parecer óbvio ou repetitivo, mas porque fico intensamente encantado com cada simples movimento teu.
Todas as coisas que já fizemos juntos, todos os desafios qubrados.Nosso banco, nossa fonte, nossa pizza, nosso tapete no meio da sala....e sua onipresente coca.
Nossas mini-discussões, minha persistencia e seu pessimismo.Nossos descompassos, sua ponderação e minha displicencia.Desculpa.Passado esse tempo, fica claro pra mim que tudo é valido.E pra nós que sair de casa é se aventurar, só de estar já é uma prova de amor.
Provas como fotos, frases, surpresas e ligações noturnas são bem vindas sempre, mas são adicionais.Se deslocar daqui pra lá, tomar chuva, correr risco...por amor.Alguém precisa provar mais alguma coisa?"Agora que você sabe como é distante, sabe que eu venho é por que te amo".Nessas horas, não tenho nada pra completar.Tudo o que precisava foi dito.
Tudo vale a pena desde a primeira vez.Sempre linda com jeito de menina e sonhos de adulta. Se move em slow motion na minha frente, cheirosa e me abraça.E me desconcerta quando sorri.O sorriso mais lindo.Você soneca com a cabeça no meu peito, eu feliz por tudo o que já temos, desejando mais meses.

terça-feira, 9 de fevereiro de 2010

Soneto do Seis.

Se lembro das horas marcadas
sinto a força do teu abraço
saudades outrora comportadas
se rompem na dor que não disfarço

Celebremos o rompimento do medo
Por assumir toda nossa verdade
Bobeira era manter em segredo
O que nos fazia dançar pela cidade

Fiz casa em teu sorriso
Alojei-me no teus braços
Dias, meses são precisos
Fiz de ti o meu espaço

Que doa e que arda
não são palavras que irão me defender
Se é de vontade, feche os olhos e parta
mas leva consigo meu-bem-querer

Sempre além do que se ve

quinta-feira, 21 de janeiro de 2010

Corpo de baile.

Atrasado como sempre, cruzando a esquina já imaginando uma desculpa aceitável.Não seria aceita, mas já era alguma coisa.
-Aham -Aceitou ela ironicamente, olhando pro chão.Abracei com um tanto de receio de amassar o vestido dela.Quase nunca a tinha visto em trajes de festa, e tenho que confessar, estava linda.
-Não vem, estou puta com voce.Porra, até hoje.
Ela se virou e fui descendo a rua, retrucando cada mini silaba que eu ousava soltar.Sinismo, arrogância, petulância, ciume, raiva e rancor são coisas que eu admirava em uma mulher.Me veio o impulso de dizer, mas provavelmente ela iria ficar muito danada: eu adorava aquela cara emburrecida.
-Larga meu braço! Estou chateada, po.Nunca encano com teus atrasos, mas até hoje é foda.Eu me arrumei rápido, nem fiz toda maquiagem e você me deixa uma hora esperando.Caralho, meu.Uma hora, é foda.
-Não foi uma hora...
-Ah, foda-se.Você sabe como é importante pra mim estar bonita hoje.Até de salto eu estou....
-Desculpa.
-Porra, né.
Ela me abraçou sem importar se estava amassando alguma coisa.Muito pelo contrario.Nos beijamos varias vezes.Ela quase tropeçou pra trás, pouca habilidade com salto.
-Vacilo teu atrasar.
-Acho que você até esqueceu a pressa, né
-Idiota.

Eu estava cansado, mas era gostoso ser puxado de um lado pro outro do salão e depois jardim afora.
-Já ouvi falar bastante de você.
Eu me sentia um personagem de novela.Ainda que em sua maioria, sorrisos falsos denunciassem uma certo vazio na afirmação, era fato que a pessoa sabia mais de mim do que eu dela.
-Vou te mostrar as meninas
Elas voaram em mim.Entendo em parte.Agora todo mundo podia entender que eu era real.Entendo que pra algumas também, era meio decepcionante.Ela fazia questão de inclinar a cabeça no meu ombro.
dali eu olhava pro lado, via uma menina muito feliz, que não conseguia conter em si mesma a felicidade nervosa.Eram pés felizes, mãos felizes, abraços felizes e um sorriso sarcástico.
Então fomos dançar.Ora eu sentia a respiração dela no meu pescoço, outra eram seus braços que me puxavam pra mais perto do corpo, que deslizava pra cima e pra baixo.Além do que há de se esperar, eu pensava como também estava feliz.Como se de repente se infiltra na vida de outra pessoa.Eu sempre me senti incapaz, mas agora eu podia me ver junto com alguém.Eu sou de ver beleza em tudo o que ela faz.Apoio, brigo, beijo, xingo.As vezes eu exagero, ela me acha grosso.Não posso querer me distanciar.Sobretudo, ela estava linda com aquela fita na cintura.
A certo ponto, ela começou a rir demais.Não contei quantos copos foram, mas ela claramente já estava bastante alta.Confesso que também já não estava tão sóbrio, e pra evitar merda, convidei pra sentar.
Diferente de mim, que fico triste com álcool, ela ficou super enérgica, quis dançar com as amigas.
-Vá lá
Catei algum copo e fui pra fora.Sentei numa escada e fiquei brincando de acender e apagar meu isqueiro.Ela até aprendeu a andar de salto, e eu estava chato.Não quis estragar a noite.Encostei a cabeça na parede.Eu ia voltando pra casa dando milhares de beijinhos na bochecha direita dela.Ela ria e me xingava carinhosamente, como eu adoro.

-Desculpa amor, não chateia.Vamos lá pra dentro.
Me deu um beijo na testa e me puxou pelo braço.
-Tocou uma que tu gosta, e você aqui, né.
-Desculpa, vim pensar.
Me arrastou e ficamos até sei lá que horas juntos
"Daqui a pouco, a valsa dos formandos"
-Estive pensando, porque você gosta de mim?
-hã?
-Esquece, sou um idiota.